terça-feira, 16 de junho de 2009

SEGURANÇA DO VOO DO HELICÓPTERO

O helicóptero é mais seguro de voar do que o avião porque em caso de uma pane, tem menos chance de uma queda fatal, isso graças a capacidade de manter-se no ar, mesmo que ocorra uma pane total das turbinas.

Quando a velocidade do rotor cai abaixo da velocidade de sustentação o piloto coloca as pás na posição de passo lento, havendo menor resistência do ar. Neste ritmo o helicóptero desce a 30 km/hs e quando está a poucos metros do solo, o piloto levanta a frente do aparelho e muda as pás para o máximo, criando sustentação extra, amortecendo o choque com o solo.

VEJA ESTA HISTÓRIA DO POUSO FORÇADO DE UM HELICÓPTERO:

Finalmente chegamos ao acampamento-base do Makalu (5.700m), depois de um verdadeiro martírio em razão dos vôos de helicópteros, algo que ainda não terminou!



Foto: Irivan Burda e Niclevicz em Lukla, com o helicóptero que nos levou até o Makalu, e que no dia seguinte se espatifou ao lado do nosso acampamento.



Optamos em usar o helicóptero este ano para evitar o desgaste de uma caminhada de 104km, o mesmo acontecendo com a maioria das outras 12 expedições que estão enfrentando o Makalu nesta temporada, porém, como o governo solicitou todos os helicópteros em razão das eleições que ocorreram dia 10 de abril (os vôos de helicópteros foram liberados somente a partir do dia 18), a fila de alpinistas esperando a sua vez para voar ficou imensa.

Infelizmente, o atraso do vôo foi apenas uma pequena dor de cabeça para a nossa equipe. Decolamos de Lukla (2.843m) na manhã do dia 18, fizemos um belo vôo, contemplando a parte mais imponente do Himalaia, com belas vistas do Everest e do Makalu. Porém, quando fomos nos aproximando do local do pouso (acampamento-base sul do Makalu que está a 4.800m), o grande helicóptero russo MI 8 chacoalhou e bateu com força no chão. Foi um grande susto, as rodas do velho helicóptero afundaram quase 40 cm no solo arenoso e se arrastaram por cerca de 12 metros.

Mas, tudo bem! Nosso grupo desembarcou aliviado e a felicidade tomou conta de cada um de nós ao estarmos frente a frente com a nossa tão sonhada montanha.

O helicóptero que deveríamos haver usado era um MI 17, maior, com uma capacidade de carga de 1.800Kg. O MI 8 não poderia levar mais que uma tonelada, entre alpinistas e equipamentos, assim foi rígido o controle do peso na hora da decolagem. Praticamente metade de nossa carga ficou em Lukla, e outros 8 colegas de uma a expedição espanhola, que deveriam realizar vôos sucessivos. Pois bem, o helicóptero voltou par Lukla e os outros vôos planejados foram cancelados, todos ficamos desconfiados.

No dia seguinte os espanhóis ficaram felizes, embarcaram no velho MI8 e quando escutamos o forte barulho de suas hélices se aproximando, deixamos a nossa barraca refeitório e fomos nos aproximando do local do pouso. O que aconteceu nos segundos seguintes foi quase inacreditável e difícil de descrever. O piloto veio direto para o pouso, não fez a volta de reconhecimento padrão, e, a favor do vento, bateu no chão em alta velocidade, afundando o bico do helicóptero no solo arenoso, estava a ponto de capotar, de bater as gigantescas hélices (medem talvez uns 8m de comprimento!) no chão, acabou derrapando, levantando uma gigantesca nuvem de pó, até finalmente baixar novamente a sua parte traseira e parar. Filmei todo o acidente, as imagens ficaram impressionantes! Que gigantesco susto, uma imensa tragédia não aconteceu por pouco!


Foto: O helicóptero russo MI 8, após o seu forte choque ao pés do Makalu, que quase transformou-se em uma grande tragédia. Um dos seus 8 passageiros era o espanhol Juanito Oiarzabal, que já escalou todas as 14 montanhas com mais de 8 mil metros.



O acidente complicou ainda mais a nossa situação, não temos o equipamento necessário para iniciar a escalada, e esse é o caso de pelo menos outras quatro equipes por aqui.

Ontem deixamos o acampamento-base sul (4.800m) e subimos definitivamente para o acampamento-base (5.700m), logo realizamos mais uma série de chamadas telefônicas via satélite e descobrimos que toda a nossa carga (e de outras 3 equipes) haviam sido transportadas por um helicóptero menor, em sete vôos, para um lugar mais baixo, a 3 dias de caminhada de onde nos encontramos. Primeiro temos que conseguir cerca de 40 carregadores e, se tudo der certo, e nenhuma de nossas bagagens se extraviar, devemos receber tudo dentro de 4 ou 5 dias!

Posso dizer que o helicóptero trouxe ainda mais um grave problema, como voamos direto até os 4.800m, o ar rarefeito trouxe os seus efeitos para todos nós. Para aliviar estes efeitos, eu e o Irivan passamos 10 dias antes na Bolívia, assim estamos nos adaptando bem a elevada altitude. Infelizmente isso não aconteceu com o Marco Gonzalez Arango, colombiano que faz parte da nossa equipe. Ele contraiu um edema pulmonar e neste momento está descendo para o acampamento-base sul, para de lá ser evacuado por um helicóptero. E aqui voltamos ao problema helicóptero, ainda ninguém nos deu uma previsão de quando um deles poderá vir resgatar Marco.

Diante de tantas dificuldades, eu e o Irivan queremos dizer a todos que estamos nos sentindo muito bem, e que o tempo está ótimo, pouca neve, céu azul, muito deferente daquele que encontramos o ano passado. Esperamos, que daqui para frente, só tenhamos boas notícias.

Um grande abraço,

Waldemar Niclevicz



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